Podemos observar na natureza a existência de 4 grandes reinos: mineral, vegetal, animal e humano. Se observarmos com atenção podemos perceber uma evolução entre eles.
Primeiro veio o reino mineral em que tudo é inorgânico, sem vida, praticamente estático a não ser pelas reações químicas que aconteciam. No mineral sua forma é totalmente acidental. Por exemplo, uma pedra com forma redonda devido ao desgaste em seu percurso dentro de um rio.
Através de forças externas iniciaram-se processos evolutivos; surgiu o reino vegetal permeado por vida, vitalidade, por uma força plasmadora (etérica), que forma uma estrutura organizada e desenvolve esta estrutura no decorrer do tempo, propiciando o crescimento e um ciclo de vida.
Com o desenvolvimento deste meio ambiente, possibilitou-se o surgimento do reino animal, o qual possui um ânimo instintivo (desejos primitivos ligados à sobrevivência, fome, reprodução e dominância territorial), que é uma interiorização astral; possui a capacidade de se movimentar livremente para a satisfação desses seus instintos.
Dentro do reino animal podemos ver a evolução que sai de um meio aquoso, conquista o meio terrestre e os ares. Cada vez mais liberdade. Em sua reprodução, começa por ser externa através de muitos ovos sem o cuidado (choca) da mãe, depois com o cuidado da mãe que choca seus poucos ovos, depois a ovulação e choca passa a ser internamente. Cada vez mais se interiorizando o calor e individualizando-se a cria.
Então veio o reino humano. O Homem não somente tem as características anteriores (a atuação das forças etéricas e astrais, bem como uma base física mineral), como também possui toda a evolução da Natureza em sua própria evolução. Basta observarmos desde o orgasmo que nos concebeu (big bang), à formação e desenvolvimento do embrião, do feto, do bebê e da criança. Nascemos também de um ovo, mas um ovo interiorizado. Passamos por um meio aquoso em que tínhamos guelras. Engatinhávamos com quatro patas. Seguíamos somente nosso instinto de sobrevivência…
Mas vejamos um pouco melhor como as forças etéricas e astrais funcionam.
Quando sofremos um ferimento, um pequeno corte em alguma parte do corpo, o que acontece? Sai um pouco de sangue, depois este coagula e inicia-se o processo de cicatrização. Este processo ocorre sem interferência de nossa consciência, independe de eu querer ou não. Passados alguns meses, já não lembramos onde foi o corte. Quem então dirigiu este processo de cicatrização perfeito?
Alguém já presenciou pessoas que andam apenas descalças? Indígenas, por exemplo. Quanto mais andam, mais calejados ficam os pés, resistindo a terrenos pedregosos e ásperos, impossíveis de serem percorridos por pessoas habituadas ao uso de sapatos. Por outro lado, pegamos um sapato com sola de borracha ou couro, materiais de origem natural: quanto mais o usamos, mais a sola se desgasta, até ser necessário adquirir outro sapato. Como explicar que não há desgaste no primeiro caso?
Como ocorre a regeneração de uma floresta nativa? Será que ocorre de maneira caótica? Há espécies pioneiras que têm suas sementes dormentes no solo; quando uma grande árvore cai, abrindo uma clareira, estas, com a entrada de luz, germinam e crescem rapidamente para proteger o solo das intempéries e criar um ambiente propício para outras espécies que vêm a seguir. E assim sucessivamente.
Se por algum motivo uma minhoca é cortada em duas partes, o que acontece? A parte onde está sua cabeça regenera novamente. Isto também ocorre com os girinos. Mas, se um cachorro tem seu rabo cortado, este não se regenera.
E o que acontece quando uma pessoa entra em coma? Regride ao estado vegetativo com o intuito de se revitalizar.
Quais são, então, estas forças atuantes nos seres vivos, que atuam em processos de regeneração, crescimento?
A ciência antroposófica as denomina forças formativas, plasmadoras ou etéricas.
Apesar dessas forças não serem visíveis a olho nu, suas ações são observadas no físico. E através dessas observações podemos perceber que:
– atuam nos seres vivos, como fator vitalizante, catabolizante;
– estão em constante transformação;
– essas “forças formativas são portadoras da memória”;
– quanto maior consciência – menor força etérica;
– quanto menor consciência – maior força etérica;
– mesmo material plasmado de diferentes formas ou/e para diferentes funções;
– necessitam para atuar: água, luz, calor;
– não são quantificáveis, mas sim qualitativas;
– Reino vegetal (fotossíntese – verde). A substância química característica é o carboidrato (clorofila);
– atuam de forma rítmica;
– no organismo vivo nada é idêntico, mas tudo está interligado.
Agora vamos dirigir nosso olhar para o Reino Animal. Além de ter a ação das forças plasmadoras, o que o diferencia do Reino Vegetal? Quais suas caracteríscas intrínsecas?
As forças que atuam no Reino Animal, caracterizando-o, são chamadas, na ciência antroposófica, de Forças Astrais ( Astrais vem de astros. Nas civilizações antigas, muitas constelações tinham forma de animais e havia relações entre estas constelações e determinadas características animais. A astronomia moderna ainda mantém vários destes nomes de animais para denominar as constelações, como escorpião, peixes, leão, etc.). Através da observação podemos perceber as seguintes características ligadas ao reino animal:
– Movimento – locomoção no espaço.
– Instintos – Sobrevivência / Alimentação / Reprodução / Dominação
– Nutrição – depende de outros (Vegetal / Animal).
– Mundo interno – órgãos bem definidos / cavidades.
– Calor interno – mamíferos / roedores.
– Anabolismo e metabolismo.
– Especialização – roedores, ruminantes, etc.
– Reino animal (proteossíntese – vermelho/sangue). A substância característica é a proteína (hemoglobina).
– sentidos e sentimentos inferiores, mais ligados aos instintos.
E como o Homem se diferencia dos outros reinos? O que caracteriza o Reino Humano?
É o Espiríto, a presença do EU, a consciência de si mesmo, a capacidade de pensar e tomar decisões, o poder de escolha, que se sobrepõem aos instintos de sobrevivência. Possui sentimentos superiores ligados a consciência que faz parte do Espírito.
Na tabela abaixo, ordenamos os quatro reinos da natureza, com seus “corpos”.
Entre parênteses está o corpo que aparece de forma tênue naquela estrutura que se encontra em transição. No caso da transição reino mineral/vegetal, os cristais, com sua forma estruturada, mas ainda dentro do mundo inorgânico. A forma configura uma característica do campo de ação das forças plasmadoras. Depois, na transição vegetal/animal, temos as flores e os frutos. As flores têm odor, cores, evocam em nós sentimentos, algumas se mexem, os frutos e algumas flores formam cavidades, sendo, todas estas, características do corpo astral, que toca o vegetal por fora, na sua região reprodutiva. E a transição animal/humano? Observamos os mamíferos, como os animais mais evoluídos e próximos de nós. Além de características físicas e processos semelhantes na reprodução, nos animais domésticos observamos uma tênue consciência de individualidade. Seja no nosso cão doméstico, naquela vaca que se diferencia das demais, etc.
Mas qual o nosso destino? Para onde estamos evoluindo?
Se observarmos a evolução da natureza até o homem, podemos perceber a crescente interiorização, individualização e conscientização rumo a liberdade.
E como podemos expandir essa interiorização, individualização e conscientização para nos libertar mais?
As guerras estão em toda parte. Atentados, conflitos étnicos, raciais, ideológicos, violência e destruição da natureza. O aspecto negativo da individualização é o egoísmo, a discriminação e intolerância aos outros seres. O aspecto negativo da consciência de si é o orgulho, o achar-se melhor e mais importante que os outros. E o aspecto negativo da interiorização é a imaginação descontrolada onde se perde o contato com a realidade e se alimenta uma auto-imagem falsa. Todos os aspectos negativos são destrutivos, são contra a evolução da natureza. Como superar tudo isso?
Sabemos as características que nos fazem subir de reino (evoluir) e as que nos fazem descer (regredir). Até o Homem tudo foi criado. A partir do Homem temos a possibilidade de co-criar e ir além, temos o livre arbítrio para continuar evoluindo ou deixar que as forças destrutivas nos regridam ao reino mineral.
Não permita que sua vida seja em vão. Tome uma postura evolutiva!
“Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?
Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo – um punhado de pó –
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.”
Rumi
Sugestão: veja novamente o vídeo Kymática – parte 1, sobre a Criação, mais precisamente no intervalo 3:08 até 4:00.