Fenomenologia e Evolução da Natureza

09/29/2009

Podemos observar na natureza a existência de 4 grandes reinos: mineral, vegetal, animal e humano. Se observarmos com atenção podemos perceber uma evolução entre eles.

Primeiro veio o reino mineral em que tudo é inorgânico, sem vida, praticamente estático a não ser pelas reações químicas que aconteciam. No mineral sua forma é totalmente acidental. Por exemplo, uma pedra com forma redonda devido ao desgaste em seu percurso dentro de um rio.

Através de forças externas iniciaram-se processos evolutivos; surgiu o reino vegetal permeado por vida, vitalidade, por uma força plasmadora (etérica), que forma uma estrutura organizada e desenvolve esta estrutura no decorrer do tempo, propiciando o crescimento e um ciclo de vida.

Com o desenvolvimento deste meio ambiente, possibilitou-se o surgimento do reino animal, o qual possui um ânimo instintivo (desejos primitivos ligados à sobrevivência, fome, reprodução e dominância territorial), que é uma interiorização astral; possui a capacidade de se movimentar livremente para a satisfação desses seus instintos.

Dentro do reino animal podemos ver a evolução que sai de um meio aquoso, conquista o meio terrestre e os ares. Cada vez mais liberdade. Em sua reprodução, começa por ser externa através de muitos ovos sem o cuidado (choca) da mãe, depois com o cuidado da mãe que choca seus poucos ovos, depois a ovulação e choca passa a ser internamente. Cada vez mais se interiorizando o calor e individualizando-se a cria.

Então veio o reino humano. O Homem não somente tem as características anteriores (a atuação das forças etéricas e astrais, bem como uma base física mineral), como também possui toda a evolução da Natureza em sua própria evolução. Basta observarmos desde o orgasmo que nos concebeu (big bang), à formação e desenvolvimento do embrião, do feto, do bebê e  da criança. Nascemos também de um ovo, mas um ovo interiorizado. Passamos por um meio aquoso em que tínhamos guelras. Engatinhávamos com quatro patas. Seguíamos somente nosso instinto de sobrevivência…

Mas vejamos um pouco melhor como as forças etéricas e astrais funcionam.

Quando sofremos um ferimento, um pequeno corte em alguma parte do corpo, o que acontece? Sai um pouco de sangue, depois este coagula e inicia-se o processo de cicatrização. Este processo ocorre sem interferência de nossa consciência, independe de eu querer ou não. Passados alguns meses, já não lembramos onde foi o corte. Quem então dirigiu este processo de cicatrização perfeito?

Alguém já presenciou pessoas que andam apenas descalças? Indígenas, por exemplo. Quanto mais andam, mais calejados ficam os pés, resistindo a terrenos pedregosos e ásperos, impossíveis de serem percorridos por pessoas habituadas ao uso de sapatos. Por outro lado, pegamos um sapato com sola de borracha ou couro, materiais de origem natural: quanto mais o usamos, mais a sola se desgasta, até ser necessário adquirir outro sapato. Como explicar que não há desgaste no primeiro caso?

Como ocorre a regeneração de uma floresta nativa? Será que ocorre de maneira caótica? Há espécies pioneiras que têm suas sementes dormentes no solo; quando uma grande árvore cai, abrindo uma clareira, estas, com a entrada de luz, germinam e crescem rapidamente para proteger o solo das intempéries e criar um ambiente propício para outras espécies que vêm a seguir. E assim sucessivamente.

Se por algum motivo uma minhoca é cortada em duas partes, o que acontece? A parte onde está sua cabeça regenera novamente. Isto também ocorre com os girinos. Mas, se um cachorro tem seu rabo cortado, este não se regenera.

E o que acontece quando uma pessoa entra em coma? Regride ao estado vegetativo com o intuito de se revitalizar.

Quais são, então, estas forças atuantes nos seres vivos, que atuam em processos de regeneração, crescimento?

A ciência antroposófica as denomina forças formativas, plasmadoras ou etéricas.

Apesar dessas forças não serem visíveis a olho nu, suas ações são observadas no físico. E através dessas observações podemos perceber que:

– atuam nos seres vivos, como fator vitalizante, catabolizante;

– estão em constante transformação;

– essas “forças formativas são portadoras da memória”;

– quanto maior consciência – menor força etérica;

– quanto menor consciência – maior força etérica;

– mesmo material plasmado de diferentes formas ou/e para diferentes funções;

– necessitam para atuar: água, luz, calor;

– não são quantificáveis, mas sim qualitativas;

– Reino vegetal (fotossíntese – verde). A substância química característica é o carboidrato (clorofila);

– atuam de forma rítmica;

– no organismo vivo nada é idêntico, mas tudo está interligado.

Agora vamos dirigir nosso olhar para o Reino Animal. Além de ter a ação das forças plasmadoras, o que o diferencia do Reino Vegetal? Quais suas caracteríscas intrínsecas?

As forças que atuam no Reino Animal, caracterizando-o, são chamadas, na ciência antroposófica, de Forças Astrais ( Astrais vem de astros. Nas  civilizações antigas, muitas constelações tinham forma de animais e havia relações entre estas constelações e determinadas características animais. A astronomia moderna ainda mantém vários destes nomes de animais para denominar as constelações, como escorpião, peixes, leão, etc.). Através da observação podemos perceber as seguintes características ligadas ao reino animal:

– Movimento – locomoção no espaço.

– Instintos – Sobrevivência / Alimentação / Reprodução / Dominação

– Nutrição – depende de outros (Vegetal / Animal).

– Mundo interno – órgãos bem definidos / cavidades.

– Calor interno – mamíferos / roedores.

– Anabolismo e metabolismo.

– Especialização – roedores, ruminantes, etc.

– Reino animal (proteossíntese – vermelho/sangue). A substância característica é a proteína (hemoglobina).

– sentidos e sentimentos  inferiores, mais ligados aos instintos.

E como o Homem se diferencia dos outros reinos? O que caracteriza o Reino Humano?

É o Espiríto, a presença do EU, a consciência de si mesmo, a capacidade de pensar e tomar decisões, o poder de escolha, que se sobrepõem aos instintos de sobrevivência. Possui sentimentos superiores ligados a consciência que faz parte do Espírito.

Na tabela abaixo, ordenamos os quatro reinos da natureza, com seus “corpos”.

Entre parênteses está o corpo que aparece de forma tênue naquela estrutura que se encontra em transição. No caso da transição reino mineral/vegetal, os cristais, com sua forma estruturada, mas ainda dentro do mundo inorgânico. A forma configura uma característica do campo de ação das forças plasmadoras. Depois, na transição vegetal/animal, temos as flores e os frutos. As flores têm odor, cores, evocam em nós sentimentos, algumas se mexem, os frutos e algumas flores formam cavidades, sendo, todas estas, características do corpo astral, que toca o vegetal por fora, na sua região reprodutiva. E a transição animal/humano? Observamos os mamíferos, como os animais mais evoluídos e próximos de nós. Além de características físicas e processos semelhantes na reprodução, nos animais domésticos observamos uma tênue consciência de individualidade. Seja no nosso cão doméstico, naquela vaca que se diferencia das demais, etc.

reinos

Mas qual o nosso destino? Para onde estamos evoluindo?

Se observarmos a evolução da natureza até o homem, podemos perceber a crescente interiorização, individualização e conscientização rumo a liberdade.

E como podemos expandir essa interiorização, individualização e conscientização para nos libertar mais?

As guerras estão em toda parte. Atentados, conflitos étnicos, raciais, ideológicos, violência e destruição da natureza. O aspecto negativo da individualização é o egoísmo, a discriminação e intolerância aos outros seres. O aspecto negativo da consciência de si é o orgulho, o achar-se melhor e mais importante que os outros. E o aspecto negativo da interiorização é a imaginação descontrolada onde se perde o contato com a realidade e se alimenta uma auto-imagem falsa. Todos os aspectos negativos são destrutivos, são contra a evolução da natureza. Como superar tudo isso?

Sabemos as características que nos fazem subir de reino (evoluir) e as que nos fazem descer (regredir). Até o Homem tudo foi criado. A partir do Homem temos a possibilidade de co-criar e ir além, temos o livre arbítrio para continuar evoluindo ou deixar que as forças destrutivas nos regridam ao reino mineral.

Não permita que sua vida seja em vão. Tome uma postura evolutiva!

Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?

Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo – um punhado de pó –
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.”

Rumi

Sugestão: veja novamente o vídeo Kymática – parte 1, sobre a Criação, mais precisamente no intervalo 3:08 até 4:00.


Transformando a Ignorância em Sabedoria

09/21/2009

O sofrimento é um alarme para nos despertar de nosso estado de sono. Compreender as causas e seus efeitos e utilizar esta compreensão para o bem é transformar nossa ignorância em sabedoria. Isso é compreender, respeitar e transcender o karma.

Quando compreendemos que a forma é apenas um veículo de manifestação da essência, aos poucos vamos compreendendo tb que a forma pela qual  purificamos nosso karma negativo (ações, emoções e pensamentos negativos) não é o mais importante e sim a própria purificação que precisa ocorrer no momento presente, independemente da situação (da forma).

E em relação à purificação, somente observando as impurezas em nosso coração é que conseguimos limpar e retirá-las. Tais impurezas que fomos adquirindo e que não fazem parte de nosso estado original de pureza; sendo necessário primeiramente acalmar o coração e observar com o olhar da consciência a verdade por trás de nossas ações, emoções e/ou pensamentos.

Só purificando o coração é que conseguimos também “zerar” nosso karma negativo, isto é, retirar as sementes ruins de nosso coração que nos fazem agir negativamente. E isso só é possível seguindo nossa consciência superior. Essa nossa consciência superior que é sempre justa e imparcial.

Uma coisa é continuar no ciclo vicioso do karma dando mais causas negativas e/ou fugindo dos seus efeitos; outra coisa é esforçar-se para estar sempre transformando tudo em causas positivas, inclusive os efeitos das causas negativas pretéritas que participamos.

Aceitar os efeitos negativos é aceitar as formas/acontecimentos/ situações/obstáculos surgidos pelas causas que cometemos por ignorância, as quais somos responsáveis, direta ou indiretamente, e precisamos passar independentemente de gostarmos ou não, para despertar nossa consciência divina. É o carregar de nossa cruz (cristianismo), é o sofrimento voluntário (budismo), pelo qual nos libertamos para a paz eterna!

Carregar a cruz não significa deixar tudo como está e permanecer passivo diante de tudo (estado de sono), tendo que sofrer. É um exercício interior para conseguirmos realmente amar incondicionalmente, despertar nossa consciência divina e ser feliz incondicionalmente. É o carregar de uma imagem que leva ao nosso centro, ao nosso interior, nosso coração. Existe uma mudança e fortalecimento internos que se refletem no externo. Assim podemos entrar num ambiente infernal sem afetar nossa paz interior. Podemos com a luz de nossa consciência e com o calor de nosso amor harmonizar o ambiente externo (ou pelo menos não piorá-lo e permanecer com nosso ambiente interno harmonizado).

A cruz para o ego é um fardo pesado, mas para a essência esse peso é uma ilusão e a cruz é apenas uma imagem/forma que serve para encontrar nosso centro.

As relações familiares são as que mais tem karma negativo oculto. Transformá-lo em positivo é nosso maior aprendizado.  Se não conseguimos amar incondicionalmente nossos pais, irmãos, esposa(o) é pq nosso ego (orgulho) está muito forte. Nada é por acaso!

Não devemos também nos iludir achando que é pra ficar sofrendo, que com o tempo vai passar ou que fugindo vai melhorar. Assim como o tempo faz passar, ele também faz voltar. O mundo dá voltas.

Certas impurezas só aparecem em determinadas situações, como no ambiente familiar, sendo exatamente as situações que nosso ego não gosta e quer evitar.

A [imagem da] cruz é pra ser utilizada sempre no agora, se estivermos a sentindo muito pesada é um alerta que precisamos encontrar nosso centro, nos equilibrando esvaziando nossos apegos, nossa intolerância e orgulho. São nossos apegos que são pesados, não a cruz em si. Se ficarmos carregando uma cruz pesada na falsa esperança que amanhã a utilizaremos como ponte para o céu, esse amanhã pode nunca chegar… e o sofrimento do agora nunca acabar.

O sofrimento voluntário nos serve para superarmos o próprio sofrimento (o que não tem nada a ver com masoquismo). Serve para percebemos como nossa ignorância nos está fazendo sofrer; e com esta compreensão nos tornarmos mais conscientes e livres da ignorância  e do respectivo sofrimento atrelado. É como se ficassemos esperando o momento que sentimos algum sofrimento e então dentro desse sofrimento refletimos e o transformamos em paz. E com o tempo vamos cada vez mais fortalecendo nosso espírito humilde e pacífico.

Ademais, nosso karma negativo não está necessariamente em nosso modo de agir, está muito mais em nosso modo de reagir. Como reagimos às variadas situações é que nos traz mais sofrimento. Sofremos por não aceitar a realidade como ela é. Não aceitamos como os outros agem com a gente. Não aceitamos como o momento presente vem até nós.

Somente aceitando incondicionalmente a realidade, incluindo as pessoas dentro dela em seus respectivos estágios de consciência e compreensão, é que somos capazes de observar tudo imparcialmente e compreender a verdade oculta diante de nós.

A Verdade Divina que é sempre justa!


Liberdade & Submissão

09/12/2009

À primeira impressão liberdade e submissão parecem opostos, mas não são.

Liberdade é ser livre de qualquer condicionamento, é ser espontâneo.

Submissão é obediência, é submeter-se a uma missão, é servir.

A submissão de nossa vontade à nossa consciência nos liberta de nossos condicionamentos, de nossa escravidão ao ego (seja o nosso ou o de outrem). Submetemos nossa individualidade em prol do Bem Comum.

Esta submissão só se consegue se for voluntária e sincera. Pode ser vista com uma livre submissão criativa, ou seja, somos livres para criar dentro de princípios éticos essenciais.

Toda submissão imposta gera revolta ou escravidão/condicionamento. Deus criou o mundo e as Leis que o regem, dando-nos também nosso livre arbítrio, nosso poder de escolha, para que aprendessemos com nossos atos. Não impôs que seguíssemos as Leis. Todavia, quando nossos atos contrariam essas Leis sofremos as consequências, pois não podemos fugir da Lei de Causa e Efeito.

Toda liberdade desmedida é desarmônica a nossa própria natureza, assim é forçada pelo ego, não sendo espontânea e natural. A liberdade excessiva gera o desrepeito.

Com as Leis, Deus criou os ciclos e a ordem dentro destes. Quando não respeitamos os ciclos e o ordenamento destes, sofremos as consequências. Basta observarmos o clima desregrado, as calamidades e as doenças, são resultados de nosso desrespeito a Natureza.